terça-feira, 19 de maio de 2009

PIB versus Recursos Naturais



Desde 2007 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabeleceu novas regras para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), que tem como base índices de diversos setores da economia.

Atualmente são computados índices de 56 atividades com 110 produtos. Esses índices juntos irão estabelecer o cálculo da oferta de produtos e serviços. Além disso, também é necessário o cálculo da demanda do povo brasileiro, que é estabelecida através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) juntamente com os movimentos como a exportação, importação e investimentos do País. Organizações não-governamentais, clubes e igrejas também participam desse cálculo.

A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte:

PIB = C+I+G+X-M


Onde,
C é o consumo privado
I é o total de investimentos realizados
G representa gastos governamentais
X é o volume de exportações
M é o volume de importações

Mas a grande questão levantada por Ribeiro (2005) é que o PIB brasileiro não leva em conta os recursos naturais utilizados na produção de bens e serviços (oferta). Segundo a autora, o Produto Interno Bruto (PIB), quando superavitário, demonstra um crescimento ilusório das riquezas das economias, pois este índice não pode mensurar o real valor dos recursos naturais, já que os mesmos não podem ser mensurados economicamente, porém o esgotamento destes recursos deixa a nação mais pobre, ao contrário do que tem sido demonstrado nos cálculos anuais do PIB.

Recentemente uma equipe de pesquisadores da USP, produziu um trabalho intitulado Balanço das Nações, que visa a demonstração dos cenários, até 2050, de Balanços Patrimoniais Ambientais frente aos cenários de Mudanças Climáticas e Aquecimento Global apontados pelo Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC). Os resultados do estudo indicaram que somente o Brasil e a Rússia seriam superavitários em seus Balanços Patrimoniais Ambientais. Estados Unidos e China possuiriam as piores previsões deficitárias.
"A pesquisa se dividiu em três fases. Na primeira, os saldos residuais de carbono de cada país foram apurados e convertidos para o valor em dólares. Em seguida, o PIB de cada nação foi transformado em unidades equivalentes per capita de número de habitantes e de consumo médio de energia em TEP (tonelada equivalente de petróleo). A última etapa consistiu no fechamento dos balanços contábeis dos países pela técnica de balanço perguntado, um levantamento das informações a partir de questionário que permite diagnosticar a situação financeira. Após essa fase, os pesquisadores utilizaram a fórmula padrão da contabilidade: ativo menos passivo igual a patrimônio líquido. O ativo foi representado pelo PIB equivalente em dólares per capita; o passivo, pela obrigação ambiental de cada cidadão na meta de redução de carbono; e o patrimônio líquido diz respeito ao saldo residual - superavitário ou deficitário - de cada cidadão ou país em relação às outras nações". (PIB verde pode ser tornar uma realidade - Maria do Socorro Mendonça)
Para Sérgio Bessermann Vianna, há uma dificuldade de mensurar os recursos naturais no PIB e ele diz que uma das soluções seria a elaboração do PIB Verde, contabilizando todos os bens e serviços públicos, em valores não monetários, como a quantidade de água potável ou o tamanho das áreas verdes de uma cidade.


Fontes:

KASSAI, J.R.; BARBIERI, R.F.; et al. Balanço das Nações: uma reflexão sob o cenário das mudanças climáticas. Disponível em http://www.ecodesenvolvimento.org.br/artigos/balanco-das-nacoes-uma-reflexao-sob-o-cenario-das-1
MENDONÇA, M. S. PIB verde pode se tornar uma realidade. Disponível em http://www.acaoilheus.org/news/504-pib-verde-pode-se-tornar-uma-realidade

RIBEIRO, M. S. Contabilidade Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2005.

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